sábado, setembro 30, 2006


Carta para a morte
Por Charlise de Orleans
Já dizia um verso de Alvarez de Azevedo morrer, morrer é a voz das sepulturas”.Deve ser mesmo porque é pra lá que pretendo ir...Sinto horror,pânico,AHAHAH.....Minha vontade é de pegar algo mais próximo que me faça sentir dor... Até bater a porta no dedo serve. Meu coração está acelerado, minha mente escura, meus olhos!Ah, meus olhos... Estão realmente inquietos... Porque?Talvez porque aquelas imagens e sons, não saem da minha mente!Aqueles gritos, aqueles rostos apavorados, pedindo socorro, implorando misericórdia!E as vítimas lá, imóveis sem ter o que fazer a não ser, ter uma única reação... MEDO!!!!E ao ver aquilo sinto uma indesejável vontade de sentir também... Então sinto uma indesejável vontade de sentir também... Então, inesperadamente apago a luz do quarto: shiiiiiiii,o silêncio reina!!Amarro uma corda no teto, fico olhando para ela, será?Minha vida está um caos!!Só problemas... Não sei!!Subo na minha cama, coloco a corda em volta do meu pescoço e aí:AH AH!!!!!!!!!!!Tenho medo!Escuto alguém gritar meu nome: Eduarda!!!Não tive dúvidas,saltei da cama...Só lembro-me do rosto de minha mãe,completamente transtornado.....
Charlise de Orleans

MORTE ABSOLUTA


Por Paulo Soriano

Dedico este trabalho à Irmandade das Sombras.


Daqui, onde estou, consigo divisar os muros da cidadela. Eles se elevam rudemente a partir de uma grande rocha, que, incrustada no cerne de uma áspera colina, mergulha subitamente num abismo profundo e desolador. Lá embaixo, lançando-se furiosamente contra os rochedos pontiagudos, as águas cálidas e espumantes de um mar sombrio enroscam-se nas fraldas da falésia com o cingir viscoso de uma víbora ondulante e traiçoeira; e, do alto do pináculo, que domina a grande praça, posso ouvir o seu monótono burburinho.

Vejo, perfeitamente, com o único olho que me resta – o outro está irremediavelmente fechado –, o pórtico de entrada, que agora se encontra completamente aberto. Em uma das colunas jônicas, que sustentam o portentoso teto de pedra de cantaria, o meu companheiro de gatunagem encontra-se preso em uma gaiola. Sei que ele ainda está vivo, porque o vejo, vez por outra, deixar cair uma das pernas por entre as grades da pequena jaula oblonga. E ele balança aquela perna esquálida, aquele punhado de osso revestido de pele flácida, como se estivesse a agitar a sede imensa. A sede a que fora condenado a padecer até que a morte adviesse. Mas eu o invejo no seu destino. Gostaria imensamente de estar cumprindo aquela pena infamante, de estar dependurado numa daquelas gaiolas mal-cheirosas que servem de macabro ornato à entrada decrépita da cidadela. Sei que, vez por outras, algumas beatas dão-lhe furtivamente um punhado de água e atiram-lhe poucas migalhas de bolachas duras e mofadas.

De quando em quando, alguém passa por mim e me esbraveja alguns escárnios. Cuspiria em minha face se me pudesse alvejar. Daqui de cima, com o meu único olho disponível, não enxergo o seu semblante iracundo; mas os meus ouvidos ainda estão apurados o suficiente para escutar e discernir a natureza dos impropérios que a mim se elevam. Estou em exibição, não sei há quantos dias, justamente para isso.

As moscas não me incomodam mais. Acostumei-me a elas. Temo apenas que uma beata piedosa escale a escada corrediça, e, por compaixão, feche-me o outro olho. Não gostaria de cair de vez na escuridão.

Mas eis que o verdugo vem subindo o cadafalso. Ele me olha e faz justamente o que eu mais temia. Não por piedade, mas por dever de ofício. Um ofício que ele cumpre muito bem. Ninguém melhor do que eu para saber disso. Agora eu não vejo mais nada. Apenas sinto que ele me suspende pelos cabelos desgrenhados, eleva-me à altura dos seus olhos, e me lança uma merecida escarrada na testa. Depois, atira-me sobre os ombros com indiferença, e leva-me consigo com a praticidade de quem conduz um simples bornal de caçador. Não sei para onde ele vai me conduzir. Eu agora sou um pingente lúgubre em suas mãos de carrasco. O que resta de meu destino – e isto nem um pouco me apavora – está nas mesmas hábeis mãos que empunharam a foice sobre o meu pescoço. Não sei se ele me enterrará. Ou se me lançará falésia abaixo, ao encontro do mar borbulhante. Para mim, tudo isso é indiferente. O meu pavor é outro. Aos poucos, sinto-me privado dos sentidos, mas não da consciência. Em breve serei apenas consciência atirada num fosso escuro e perpétuo, num precipício de silêncio e imobilidade absolutos, onde o tempo recusa-se a fluir. Até quando permanecerei assim? Até quando estarei prisioneiro de meu crânio, escravo de meus próprios pensamentos? Queira Deus que a morte exista. Queira Deus que me sobrevenha a morte absoluta.


Super Rádio I.S.!
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ZADATOTH-RÁ
Por R. Silvério de Farias


Zadatoth-Rá, o horror nefando e blasfemo que rastejou das sombras movediças das estrelas tenebrosas, lá dos confins de um planeta proibido, de um lugar estranho e distante, muito além, nas profundezas imemoriais do cosmo infinito, a criatura horrenda e violenta de carnes violáceas e putrefatas que, em tempos remotos, assumindo uma forma semi-humana, mutilou toda a vida e toda a infantil esperança na mente e nos corações dos tolos mortais em sua primeira peregrinação pelo nosso velho e amaldiçoado mundo.
Agora que certas estrelas tinham se posicionado novamente, e astros errantes haviam perambulado a certa distância das fímbrias de nossa galáxia, ele estava livre novamente, após a magia da ressurreição infernal das esferas cloacais, dos esgotos virulentos das câmaras de um inferno maldito, vivo outra vez no fútil e patético mundo dos homens para uma vez mais destruir, devastar, matar e invadir os pueris sonhos humanos, levando seus corpos físicos e consciências para a morte ou para além dos jardins negros da loucura, e suas almas para as profundezas do mais negro dos infernos, além da vida e do túmulo.
Como tudo ocorreu, não lembro muito bem. Estou velho e minha memória começa a fraquejar. É tudo muito vago. É tudo como se fosse lembrança de um pesadelo maldito e infernal. Agradeço a Deus por não ter sucumbido nas trevas da loucura, embora há quem duvide disso.
Era o frio de Abril. O frio do sul. O frio da noite sinistra. E num instante seria o tenebroso frio da morte e o frio da loucura a nos envolver como mortalhas gélidas de horror indescritível, inominável.
Era um passeio na floresta, o bosque enevoado e fantasmagórico perto das colinas verdejantes de Porto dos Duendes, meu provinciano torrão natal. O bosque maldito onde no passado remoto seitas sinistras realizavam rituais macabros em sabás terríveis, sacrifícios humanos sangrentos de virgens seqüestradas, imoladas em holocausto a uma entidade malfazeja.
Ao todo éramos cinco. Eu e meus companheiros. Tínhamos ido a busca de aventura. Éramos jovens aventureiros de fim de semana. Era eu, mais o Sérgio Morcego (um vadio e trapaceiro), Juninho (meu sobrinho músico e dado a bebedeiras), Pedro Gambá (um gatuno amigo nosso) e o soturno, esquelético e pessimista Abadias, o mais velho, desempregado há doze anos, corvo sorumbático e macambúzio e poeta nas horas mortas. Todos fracassados da sociedade de consumo, todos derrotados na vida, quase enterrados vivos nas tumbas escuras além da mediocridade cotidiana.
Sim, era o frio de Abril em Porto dos Duendes, a cidade onde a politicagem era a grande geradora de empregos, mormente para os militantes do partido vencedor das eleições, cujos prêmios eram umas belas sinecuras, mamatas maravilhosas em funções públicas inúteis. Mas mesmo assim decidíramos passar o fim de semana fazendo o que mais sabíamos fazer: coisa nenhuma. Sim, o ócio total e irrestrito era a nossa droga predileta, além do LSD e dos chás de cogumelos alucinógenos que conseguíamos a muito custo em certos campos úmidos próximos ao cemitério. Aventuras psicodélicas, desafios à morte simplesmente vivendo as horas que se passam entre o berço e o túmulo, entre esporádicas jornadas alucinantes, desafiando o deus morto dos fanáticos, elevando nossos gritos eloqüentes aos anjos inoportunos que infestam todo sonho malogrado dos inúteis. E rindo-se de nós, em delírio, o lobo astral numa cova qualquer da lua...
Sim, era o frio de Abril. Éramos todos jovens rebeldes e inconseqüentes, e, portanto, dane-se tudo e todos, amém, e que o inferno da mediocridade e da loucura sem sentido acolha a todos, independente de credo, cor, raça e posição social.
Jamais podíamos acreditar que os portais seriam abertos naquela floresta aziaga, e que uma criatura terrível atravessaria o tempo e o espaço num piscar de olhos. Chaves mentais de alguma forma foram usadas por nós, dando acesso a um túnel hiperespacial, se é que me compreendem. O que eu quero dizer é que conseguimos, de algum modo, estabelecer contato direto com Zadatoth-Rá, e assim selamos nosso fadário, pois ele voltaria ao nosso plano de existência para nos matar a todos, numa orgia de sangue e morte.
Depois de usarmos o LSD e os chás de cogumelos retirados de bostas de bois e cavalos como catalisadores mentais e espirituais perigosos, depois de viajarmos por mundos alucinantes de outras dimensões, aqui mesmo na terra, abrimos o portal interdimensional, assumimos nossos destinos, os destinos negros daqueles que ousam ver coisas que não deveriam jamais ser vistas por olhos sãos.
A criatura atravessou os vácuos siderais, a quarta dimensão, e veio para a Terra, foragida de um mundo distante chamado Margziaumbar. Disse seu nome e sua intenção. Matou Sérgio Morcego, devorando-lhe a cabeça como se fosse uma goiaba cuja polpa era formada de seus miolos e de seus sonhos fracassados.
Juninho passou a pintar quadros de um mau gosto terrível, grotesco, e depois virou um ermitão e sumiu e nunca mais foi encontrado. Pedro Gambá e Abadias enlouqueceram. Quanto a mim, fui preso, acusado de assassinar o Sérgio Morcego.
Hoje estou na prisão, aguardando a sentença de uma juíza que pensa ser uma deusa da terra. Meu advogado está lutando para me tirar das grades. Desconfio que seja um rábula inútil e traidor, pois é época de eleição novamente, e a situação precisa de um bode-expiatório para que a demagogia se faça presente outra vez em Porto dos Duendes.
E o maldito Zadatoth-Rá continua lá, na floresta maldita, sempre a espera de novos jovens aventureiros de fim de semana...Até quando, não sei. Só sei que dentro em breve ele destruirá toda a raça humana; ele espera, como se quisesse nos torturar com o medo, a expectativa de morte.
Compreendam-me. Estou dizendo a verdade. E não sou louco! Não sou louco, ouviram, seus néscios!...
Por que não vão até lá, ver com seus próprios olhos que um dia os vermes devorarão, para ver que eu estou dizendo é pura verdade? Por que não enfrentam os horrores da floresta onde mora, agora, a maligna, a feroz, a imbecil besta-fera das sombras de uma galáxia desconhecida, muito além do sonho e das negras esferas da loucura humana, uma criatura maldita e perversa chamada Zadatoth-Rá?

SITES DO AUTOR:
http://www.recantodasletras.com.br/autores/rogerio727
http://www.rogerio.siteonline.com.br




O ESPELHO OBÓVEO
Por Paulo Soriano


Aos amigos Henry Evaristo, Linx, Rogério Silvério de Farias e Alessandro Reiffer.


“Vi mais longe do que era permitido”
Friedrich Nietzsche

- Eu não sou cego de nascença – disse ele, provavelmente afagando as barbas que, supunha eu, a partir do exame de seu caráter, deveriam ser medonhas. – Queres saber como perdi a visão?

Ora, eu não havia perguntado nada e não tinha a mínima curiosidade de sabê-lo. Mesmo assim, ele continuou:

- De certa forma, foi um “suicídio da visão”.

Eu nunca havia ouvido tanta parvoíce em minha vida. Mesmo assim prestei atenção.

- Quem era eu? Um ocultista muito pouco famoso. E, decerto, o mais fiel discípulo de Narciso. Porque, além de alfarrábios cabalísticos, colecionava espelhos tal qual um filatelista renomado disputa selos raros. Em uma viagem a Roterdam, fiquei sabendo da existência de uma relíquia milenar. Era um pequeno espelho oboval que, segundo um respeitadíssimo e honesto antiquário, seria assírio e havia pertencido a Milton e a John Dee. Tratava-se de um pequeno objeto metálico, emoldurado em cedro, de superfície côncava e opaca. Em nada se assemelhava a um espelho. Mirei-me nele, mas o objeto não refletia a minha imagem. “Definitivamente – disse eu ao vendedor –, isto está longe de ser um espelho.” Então ele me confidenciou: “É uma justa constatação. Mas é preciso que saiba o senhor que este espelho não reage à luz. Reage à alma.” Eu era, então – e literalmente –, um homem desalmado, porque nada pude vislumbrar naquela superfície turva. E foi isso o que eu disse ao vendedor. Kelley – assim ele, ironicamente, se dizia chamar – me sugeriu que levasse a preço vão o “raro” objeto (mas que a mim me parecia simplesmente “lançadiço”) e que o observasse em plena escuridão noturna. Foi o que eu fiz.

- Antes de recolher-me – prosseguiu meu singular interlocutor –, apaguei todos os lumes. Nem um bico de gás, nem uma vela me escapou a uma atenta e minuciosa vistoria. Fiquei, portanto, na mais completa escuridão. Olhei para o espelho obovalado e, então, contemplei monstruosidades. Sim, do fundo do objeto veio uma luz tão incisiva, tão extraordinariamente cintilante, que, a um impacto ofuscante, me causou um desequilíbrio d’alma, seguido de uma confusão mental de difícil restabelecimento. O objeto prendeu-se à minha mão como um ímã. E de sua superfície airosa vieram, aos poucos, depois que a luminosidade estonteante arrefeceu, as imagens que o espelho sugava de minha alma, e as recompunha em conformidade com a minha real e íntima aparência. Ah! O choque foi tão profundo que perdi de imediato os sentidos. E, quando despertei, verifiquei, para o meu horror, que o ser hediondo – o ente abominável refletido naquela superfície espectral – congelara-se nas minhas retinas e mergulhara definitivamente em meu cérebro. Não, não peças que eu descreva tamanha monstruosidade e abjeção! Até hoje não enxergo outra coisa senão a terrível imagem, a representação disforme, infame – porém fiel –, de minha desgraçada alma!

Não sei se o homem era louco. Sei apenas que ele se ergueu e, com o tato de sua bengala, percorreu o longo corredor que dava acesso aos livros escritos em Braile. Mas virou-se para mim por um instante e concluiu:

- Tenho inveja da escuridão eterna dos teus olhos. Aqueles meus eu já os arranquei, inutilmente, com os gumes destas unhas. Porque é a minha alma que se reflete e enxerga-se a si própria, como um estigma perpétuo e indelével, e que nem os sonhos logram esvair. Vi mais longe do que era permitido.

sexta-feira, setembro 29, 2006


Colabore enviando contos e poemas sombrios, góticos, insólitos e afins. Basta enviar para o seguinte e-mail: irmandadedassombras@yahoo.com.br ou entre para a I.S. que lhe daremos a senha para postar suas obras. Contamos com a sua colaboração. O blog já está no ar e a todo vapor! Saudações sepulcrais a todos!

quinta-feira, setembro 28, 2006

O Lamento da Carne


Na noite em que a mente implorava o eterno descanso,
minha única visão do imundo se fechou, cedendo o curso
ao verme que se desenvolve, propaga-se
na matéria orgânica em decomposição que sou.

A imagem negra me transmite suas maledicências
alterando profundamente a imagem,
recheando-me depois de saborear-me
entregou-me a escuridão como única vitória!

H.G.B CELLY

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Chacina na Escola Leite de Barros



Esse é um dos meus contos favoritos e por isso decidi iniciar por ele.

SAUDAÇÕES FUNEBRES A TODOS OS IRMÃOS DA I.S.


Ele estava cheio, não agüentava mais tudo aquilo. Por que aquilo tinha que acontecer com ele? Bem ele não sabia, mas tinha que dar um basta, mas não sabia como. J. era um garoto, que como muitos sofria com o bullyng, ou seja era um excluído pelos colegas. Começou tudo na sua infância, quando entrou na escola, onde depois de um tempo, já era o motivo de piada de todos. Claro que no começo era tudo leve, brincadeira de crianças, mas tudo foi piorando e logo vieram as verdadeiras humilhações, as meninas magoando seus sentimentos, as surras, teve que enfrentar todo tipo de brincadeiras e engolir tudo seco, ele sabia muito bem que não podia fazer nada. Nem em casa encontrava a paz que procurava, pois seus pais tinham um casamento ruim e viviam brigando e por muitas vezes sobrava para ele e por muitas vezes teve que ouvir ofensas dos seus pais que ele não esperava ouvir nem do seu pior inimigo. Mas ele não agüentava mais aquilo e tudo o que vinha a sua mente agora era sair e fugir de tudo.
Era mais um dia das férias e ele olhava a janela de seu quarto. Estava aliviado que seus pias não tinham brigado mais uma vez e que tudo estava em paz, pelo menos momentaneamente na casa. Olhava tudo e pensava em sua vida, mas só o que vinham eram lembranças tristes, desilusões, mas ele sempre pensava que tudo iria melhorar, que tudo passaria e um dia seria feliz. Ele tinha projetos, grandes projetos e sabia que conseguiria, afinal era muito inteligente, mas projetos são futuros e agora ele queria algo para o presente. Olhou então a floresta, na verdade um monte de arvores e mato que ficava a uns três quilômetros da sua cãs e que se via dali como se fosse uma mancha verde no meio de todo aquele asfalto. Porque não ir lá? Lá não tem ninguém, pensava ele, ninguém via fazer nada comigo lá, é vou até lá. Pegou sua mochila, saiu de seu quarto e desceu as escadas, pegou algo para comer no armário e guardou na mochila, disse a sua mão que sairia, ela estranhou um pouco, mas disse que se cuidasse e que podia ir sim, estava incrivelmente feliz hoje, quer dizer para seu estado natural aquilo era um incrivelmente feliz. Saiu de sua casa e sentiu o vento batendo no seu rosto, era a sensação de liberdade que tanto queria. Ele sabia por onde ir, para não encontrar ninguém, tinha seu atalho, que na verdade não era bem um atalho, pois deixava tudo mais longe, mas pelo menos não iria lhe acontecer nada no meio do caminho. Depois de uns trinta minutos de caminhada, onde quase acabou esbarrando em um grupo de estudantes, cujo no meio deles estava um de seus velhos amigos, que com certeza não perderia a chance de lhe cumprimentar, chegou na floresta. Era tudo quieto ali, e também um tanto sujo, mas para ele era o lugar mais confortável que já estivera e também o mais seguro. Começou então a andar pelo meio dela; era um lugar não muito grande e se você seguisse reto chegaria ao outro lado em menos de uma hora de caminhada(o que também evitava que qualquer um se perdesse), mas dando umas paradas e desviando um pouco para um lado e para o outro ele caminhou ali quase a tarde inteira, até decidir que infelizmente era hora de voltar e naquela hora parecia ir para a forca, pois ali por uns instantes sentia algo próximo da verdadeira paz de espírito, mas tinha que voltar, senão levaria bronca da mãe e ele sabia o quanto isso era ruim. Sentou-se então em uma pedra antes de ir, e ficou olhando em volta, o chão, o céu, as arvores, até que algo lhe chamou a atenção entre as folhas no chão. Revirou um pouco elas e descobriu que era velhos papéis, nada de importante pensou ele. Levou perto dos olhos e leu um pouco e ao contrario do que pensou, era sim algo muito interessante. Nos papéis descrevia-se um ritual, uma espécie de feitiço, provavelmente satanista, pois os matérias, um pentagrama, velas roxas entre outras coisas, e as palavras de conjuração, em latim, mas que ele entendi muito bem, graças a um curso que ele fez na igreja, que no fundo eram invocações de seres das trevas. No final havia também uma anotação que dizia que aquele feitiço, quando conjurado por alguém, dava a aquela pessoa poderes sobre-humanos. Seus pensamentos foram então aos dias de suas humilhações e as lembranças de todas as vezes que teve vontade de se vingar e nas suas mãos tinha algo que podia lhe dar sua vingança. Não, ele pensou, jogando aqueles papeis no chão, como ele poderia fazer alguma coisa daquele tipo. Ele podia não ter religião, mas acreditava em Deus e em um céu. Mas o que Deus tinha lhe dado até aquela hora?, pensava ele, o que, humilhações? Aquilo não tinha aparecido a toa, deveria ter um motivo. Vou pegar, mas não vou fazer nada, vou apenas pegar e guardar na minha mochila, só isso, não vou fazer nada. Caminhou mais um pouco e chegou exatamente onde saiu, parou um pouco olhou aquela floresta e se virou indo embora.
Estava quase chegando em casa e graças a Deus não estava muito tarde, na verdade não eram nem cinco horas da tarde, mas ao virar para ver algo e voltar deu de cara com T. um dos garotos que mais gostavam de humilhar ele com mais dois amigos e duas meninas, uma delas sua namorada. Tentou até correr no outro sentido, mas eles o alcançaram sem muito esforço.
— E ai J., onde vai?
— Pra casa, porque algum problema?
— Não cara, calma. Eu só queria conversar um pouco
— Mas eu to com presa. Disse ele tentando passar, mas impedido por eles
— Calminha vamos conversar. Disse T. com a mão em seu ombro.
— Fala então
— Sabe o que é, a gente não tem dinheiro e queremos sair, então eu pensei, será que o J. não pode me emprestar?
— Eu não tenho
— Não mente cara. Disse um outro garoto, segurando J. pela camisa. Dá a grana!
— Já disse que não tenho! Gritou J. se soltando
— Ah é. Disse T. se aproximando. Então quero ver da aqui sua mochila
— Não!
— Me dá logo. Disse T. puxando ela
— Não! Gritou J. tirando da mão de T. sua mochila.
— Me dá logo! Gritou T. dando um soco no rosto de J., fazendo ele cair no chão
— Deixa eu ver. Disse o outro garoto, tirando a mochila de J., que até tentou reagir, mas acabou levando um chute de T. não tem nada. Disse o garoto jogando a mochila no chão
— Deixa ele. Disse uma das garotas olhando ele com cara de desprezo. Ele é um perdedor, não percam tempo com isso vamos logo.
— É isso ai, vamos embora.
T. ainda deu um chute nele antes de se virar rindo e sair dali com os outros. J. ficou um tempo caído, mas logo se levantou. Quase nem sentia seu corpo doer, estava com muito ódio e não conseguia pensar em outra coisa se não se vingar, matar todos que o humilhavam a tanto tempo, mas dessa vez não era como antes que ele não sabia como fazer sua vingança, dessa vez ele tinha o meio, ele tinha o ritual. Chegou em casa e subiu para o seu quarto sem falar com ninguém, foi até um esconderijo onde guardava suas economias (que no começo ele economizava para comprar uma arma) e viu que tinha o suficiente para comprar o que ele queria, pensou então como faria sua vingança enquanto olhava seu dinheiro. Amanhã ele compraria tudo e daria tempo suficiente para ele fazer o ritual antes de começar os dias de aula. Naquela noite ele dormiu muito bem apesar de seu corpo doer muito e seus pais terem brigado a noite inteira.
Ele acordou um tanto tarde no outro dia, já passava provavelmente das onze. Estava mais calmo, não tinha mais aquela fúria que o dominou ontem, nem mesmo vontade de se vingar de ninguém. Levantou da cama calçou seus chinelos, sentiu até seu corpo doer, mas não se irritou, foi até o banheiro lavar seu rosto e escovar seus dentes. Desceu as escadas de casa e foi até a cozinha comer algo, pois ele queria sair rápido e não tinha vontade nenhuma de almoçar aquele dia. Ele queria voltar a floresta para refletir um pouco como ontem, mas antes queria comer. Sua mãe estava sentada na mesa escolhendo o feijão. Ela não tinha reparado ontem como ele tinha chegado, mas agora via a marca em seu rosto.
— Apanhou de novo? Disse ela, já demonstrando que não estava com o bom humor de ontem.
— Sim, mas não foi nada. Disse ele passando a mão no rosto
— Sei. E o que você fez?
— Nada, o que eu iria fazer, eram três
— Nem se fosse só um né J.
— É.
— Você é mesmo um inútil. Todo mundo te bate e você não faz porra nenhuma
— Cala a boca. Disse J. baixo se levantando
— E não me manda calar a boca! Gritou sua mãe, lhe dando um tapa no rosto
J. não fez nada, apenas se virou e subiu para seu quarto ouvindo os gritos de sua mãe. Aquela fúria de ontem tinha novamente o dominado e a idéia de fazer o ritual havia voltado a sua mente. Foi até seu quarto e ficou sentado no chão tapando os ouvidos, até sua mãe parar de gritar lá de baixo para ele. Pegou então o dinheiro, colocou em sua mochila, junto com os papéis do ritual. Desceu correndo as escadas, sua mãe até ia começar a falar, mas ele saiu correndo batendo a porta atrás.
— J. aonde você vai? Gritou sua mãe ao abrir a porta e ver J. já na asfastando-se
— Lugar nenhum.
— Espera então você voltar de lugar nenhum que a gente vai conversar.
— Você nem sabe o quanto eu quero essa conversa. Disse J. baixo o suficiente para sua mãe não ouvir
Caminhou mais rápido, até não conseguir ver sua casa, acalmou o passo e seguiu. Cortando caminho por vários lugares (um dia não vou ter que fazer isso, pensava ele), chegou em uma loja onde ele sabia que se vendiam coisas esotéricas, de bruxaria, e outras coisas mais, sabia que ali teria o necessário ao ritual. Entrou na loja e pediu tudo o que queria. A vendedora, uma gótica um tanto sensual, estranhou um pouco mas pegou tudo. J. ainda pediu um punhal, desses prateados, além de tudo aquilo. Pagou tudo, guardou as compras na mochila e foi embora. A caminhada para a floresta dali era grande, ainda mais evitando alguns lugares, mas logo ele chegou. Se embrenhou um pouco mais adentro até chegar num lugar onde havia espaço e limpeza suficiente no chão para se executar o ritual. Sentou-se no chão mesmo e retirou os materias, mais as folhas. Entendeu o pano no chão, colocou o pentagrama em cima do pano, voltando duas pontas para cima e uma vela na frente de cada ponta do pentagrama. Colocou o anel, de prata, no centro do pentagrama, então ascendeu as velas com um isqueiro. Levantou-se e começou a pronunciar as palavras de conjuração. Um vento forte começou a soprar, e os animais da região foram ficando agitados. Conforme ele pronunciava aquelas palavras em latim, o vento aumentava. Pronunciou a ultima palavra, os ventos então cessaram, os animais pararam e as velas então se apagaram. Sua visão ficou escura por um tempo, mas logo voltou. Ele estava meio cansado, como se tivesse corrido um bom caminho e teve vontade de sentar. Olhou então para o feitiço no chão; o pano havia virado cinzas, como se tivesse pego fogo, apesar de ele não ter percebido o pano ter se incendiado em, nenhum momento. O pentagrama estava retorcido, com as pontas voltadas para o centro, formando uma espécie de gaiola ao redor do anel. O anel que antes era prateado, agora era preto, um preto brilhante e muito bonito. J. então pegou o anel, que estava quente, mas não insuportável. Olhou um pouco para ele, se levantando ao mesmo tempo, então o colocou. Algo invadiu seus pensamentos e seu corpo, algo quente, como se ele estivesse pegando fogo. Vinham na sua mente momentos de humilhações, muitos momentos, enquanto seu corpo esquentava mais. Começou a sentir uma dor, que começou a ficar cada vez mais forte, até se tornar insuportável. Ele deu um grito, que ecoou por toda floresta, caindo no chão. A dor então passou, ele se levantou, mas já não era mais o mesmo. Seus pensamentos eram rápidos, e só o que tinha na mente era ódio e vontade de matar. Seu corpo agora era forte e rápido. Começou então a correr pela floresta. Ele se sentia o ser mais poderoso do mundo, podia fazer o que quisesse, gritava então aquilo para os ventos. Corria mais rápido que qualquer ser humano normal e depois de uns vinte minutos sem perder o ritmo, nem ao menos tinha se cansado. Saiu então da floresta e foi correndo até em casa. Não usou atalhos dessa vez, mas não encontrou ninguém pelo caminho, por mais que quisesse. Ao ver a porta de sua casa já estava até escuro, devia ser umas sete horas e sua mãe e seu pai provavelmente o esperavam para falar com ele. Se aproximou da porta pegou sua mochila das costas e tirou dela aquele punhal, segurou pelas costas e abriu a porta.
Ao abrir a porta deparou-se com seus pais na sala, sentados no sofá e provavelmente brigando. Ele entrou e ficou parado diante da entrada da sala, olhando os dois, até eles perceberem que ele estava lá. Os dois olharam ele com desprezo e raiva, enquanto J. guardava o punhal atrás de sua camisa, por dentro de sua calça.
— Onde você estava. Disse sua mãe.
— É moleque, como você sai e não diz onde vai? Acha que manda em alguma coisa?
— E você acha que é alguma coisa? Disse J. com um meio sorriso.
— O que você disse? Disse o pai de J. já se levantando
— O que ouviu, ou também ta surdo?
— Filho da puta!
O pai então se levantou completamente, caminhou até J. e lhe deu um tapa, tapa que nem chegou a tocar no rosto de J. que aparou a mão do pai e a apertou com tanta força que se pode ouvir o som dos ossos quebrando. O pai de J. gritou, enquanto J. apenas ria. O pai tentava se soltar, mas foi arremessado contra a parede antes de conseguir se soltar. Ele bateu nela quebrando costelas e um dos braços, ficando estendido no lugar onde caiu da parede. A mãe tentou se afastar dali, estava com muito medo do filho. J. percebeu a fuga da mãe e correu em sua direção. Ela tentou corre, mas logo ele estava na sua frente. Colocou a mãe contra uma das paredes, com uma mão de cada lado dela.
— Vai a algum lugar mamãe?
— Filho, porque ta fazendo isso? Perguntou a mãe chorosa
— Porque eu te odeio. Você e todo mundo que me humilhou toda vida. Agora é minha vez, chegou a minha vez
— Não filho, por favor! Gritava a mãe, tentado sair dali.
J. tirou o punhal das costas, enquanto sua mãe tentava fugir desesperada. Ele levantou o punhal ante sua mãe e lhe golpeou no ombro, encravando todo o punhal dentro dela. Ela gritou alto enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto. J. tirou o punhal dela e lhe golpeou novamente, dessa vez em um dos olhos. Ela gritava muito e pedia para que J. parasse, mas ele não era mais o mesmo, aquele não era mais o J., havia ali apenas uma parte de sua alma, a parte maligna, cujo o único objetivo era se vingar e matar todos que lhe feriram um dia. Sua mãe desfaleceu com tamanha dor, J. então a jogou no chão.colocou sua mochila em um canto e levou os pais a cozinha. Amarrou os dois em cadeiras, uma com o encosto voltada para a outra. Esperou então que os dois acordassem para continuar.
— Acorda! Gritou J. levantando o cabelo do pai
— Filho, porque tudo isso? Perguntou o pai com uma vez carregada de medo
— Já disse! Eu odeio todo mundo! Eu quero matar todos! É a hora da minha vingança! Gritou ele com toda força e golpeou o pai com o punhal na altura do estomago
— Não! O pai conseguiu proferir esse último grito, mas não demorou muito e estava morto.
— Filho por favor para com isso! Gritou sua mãe em meio ao seu choro desesperado.
— Parar por que? Eu to me divertindo muito, se você quer saber.
— Filho...
— Mamãe...
J. beijou o rosto de sua mãe e lhe golpeou no coração. Ela gritou e seu grito foi interrompido pela mão de J. em sua boca. Ele segurou ela por um tempo, até sentir que ela havia morrido também. J. então apreciou aquilo tudo durante um lapso de tempo, colocou o punhal em cima da mesa e foi até a sala, onde se sentou e esperou o dia clarear para ir a escola e terminar sua vingança. Os vizinhos até ouviram os gritos, mas nenhum chamou socorro, pensaram que era mais uma briga e por experiências passadas sabiam que o socorro não adiantaria, muito pelo contrario, apenas pioraria a situação. J. permaneceu acordado a noite inteira. Na sua mente só pensava em como mataria cada um de seus colegas, nada mais pertencia aos pensamentos de J., apenas aquela vingança doentia. O dia estava clareando e J. subiu até seu quarto para trocar sua roupa, pois a que usava estava suja com sangue, o sangue da vingança, pensava ele. Desceu rapidamente, e saiu tão depressa quanto, antes passou na cozinha e pegou o punhal que havia deixado em cima da mesa, pegou a mochila que havia deixado no sofá e partiu para terminar sua vingança. Correu até a escola, sem encontrar ninguém pelo caminho. Saiu tarde o suficiente para chegar lá quando já tivessem chegados todos e não houvesse ainda começado aula.
J. chegou a escola e o portão estava quase se fechando, mas conseguiu entrar. Um grupo, aquele mesmo mas um pouco aumentado foi um dos primeiros a ver J. apontando no corredor que dava ao pátio central da escola, onde os alunos ficavam reunidos antes de começar as aulas. Um riu para o outro.
— Olha lá o J. disse T.
— É que tal darmos as boas vindas, o que vocês acham?
— Eu acho uma boa. Coitadinho precisa de apoio. Disse uma das meninas com um meio sorriso, despertando uma risada coletiva.
— Vamos lá galera. Disse T. caminhando na direção de J., que agora estava sentado em uma mureta. Seus amigos foram atrás, queriam participar ou pelo menos apreciar o espetáculo
Chegaram perto de J. Dois se sentaram ao lado dele, T. ficou em pé na sua frente e os outros cercando ele. Algumas pessoas repararam o movimento e chegaram perto também; iria ter show, diziam entre elas.
— E ai J. Disse T. com seu tom de sarcasmo natural ao se referir a J.
— E ai T. Disse J. com uma voz um tanto diferente, mais grave e rouca, e uma atitude um tanto anormal a que T. e a maioria vê J. tendo com as pessoas
— E ai T.? O que deu em você hoje, perdeu o respeito. Disse ele se virando para trás e rindo para seus amigos
— Respeito com um lixo como você e esses seus amigos retardados que te seguem? Deixa de ser idiota.
— O que disse? Disse T. agarrando J. pelo colarinho
— Me solta seu lixo! Gritou J.
— Se eu não soltar vai fazer o que seu porra.
— Isso. Disse J. apertando os punhos de T., fazendo os ossos dele se quebrarem com toda facilidade, como quando alguém quebra uma vareta.
— Desgraçado! Gritou T. abaixando as mãos. O que você fez?
— Nada, porque T. doeu? Disse J. com um meio sorriso, que agora o acompanhava.
— Seu filho da puta!
— Concordo. Aquela vaca é mesmo uma puta
— Ai machucou o cara, vai se ver com a gente
— To pagando pra ver
Um deles se aproximou, tentando lhe dar um soco, mas J. desviou e lhe acertou um soco no estomago, que fez ele cair, se retorcendo de dor. J. ainda lhe deu um chute no rosto que fez sangue da boca dele sujar todo o chão, lhe quebrando quase todos os dentes e vários ossos da face. Alguns agora se afastaram, a não ser alguns mais amigos de T., que tentaram partir para cima dele. J. então tirou o punhal das costas novamente e golpeou no estomago um, passou por ele e acertou na cabeça de outro, encravando punhal todo em sua tempora. Retirou o punhal dele, enquanto a gritaria começou a se instalar. Pessoas corriam de um lado para o outro, incluindo os amigos de T. J. então olhou para T. que estava parado, perplexo na sua frente.
— Então T., ta gostando da festinha?
— Cara para com isso
— Eu não, ta tão divertido, todas essas pessoas correndo.
— Você é louco cara.
— Louco? Disse J. jogando T. no chão e lhe colocando o punhal no pescoço. Acha que eu sou louco, se tivesse sofrido o que sofri não acharia isso
— Não me mata cara.
— Tudo bem, vou te deixar vivo. Disse J. lhe tirando o punhal do pescoço. Pensando bem...
J. então afastou o punhal e com um golpe violentou lhe enterrou no pescoço, fazendo o sangue jorrar em seu rosto. J. limpou o rosto e se levantou. Viu então uma das meninas sentada, como que em choque, perto da cena, tentando se esconder com as mãos no rosto. J. então se aproximou e agarrou sua mão. Disse no se ouvido que iriam dar um passeio. Ela tentava gritar por socorro, mas ninguém ouvia. J. a arrastava com força, força que ela não podia. Ela começara a chorar e J. não dizia nada, apenas a arrastava enquanto olhava aquela correria e mantinha aquele meio sorriso diabólico em seu rosto. J. a levou para fora da escola, e a arrastou mais uns metros até um velho galpão abandonado. Estava trancado com um cadeado enferrujado que com muita facilidade J. arrancou. Entrou com ela lá dentro e a jogou em um monte de sacos de terra. Deitou-se por cima dela enquanto guardava o punhal nas costas.
— Você era a que T. comia, não era?
— Por favor não faça nada comigo. Dizia ela em prantos
— Não fazer nada. Acho que não. Disse J. lhe tirando a calcinha
— Para por favor.
— Vou parar, assim que eu acabar
J. se afastou um pouco e retirou as calças, voltou a se deitar em cima dela. Ela gritava e chorava para que ele parasse e ele apenas continuava, cada vez com mais força e apenas rindo daquilo tudo. J. então levou sua mão até as costas e pegou o punhal, levantou a garota e lhe deu um golpe nas costas. Ela gritou e ele com toda força continuava a lhe penetrar. Desferiu mais um golpe e mais outro e mais outro..., mas esse havia sido fatal, não só para como para ele também. O golpe havia atravessado ela e atingido ele no coração. Ele a jogou nos sacos de terra e olhou seu peito que agora sangrava muito. Sentiu sua vista ficando escura e seu corpo pesado, caiu no chão e depois de um tempo de agonia, morreu, junto com a garota. A policia encontrou os corpos dos pais de J. no mesmo dia ao ir procura-los para lhe contar sobre seu filho e lhe fazerem perguntas, o corpo de J. e da garota foram encontrados no outro dia. Para todos os investigadores havia sido um crime motivado pelas brincadeiras dos colegas para com ele. Nunca foi encontrado nenhum sinal do ritual e o anel no dedo de J. havia sumido quando seu corpo foi encontrado. Os papéis do ritual foram esquecidos por J. após o ritual na floresta, e lá está até hoje esperando alguém o encontrar, esperando...

Linx

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