domingo, outubro 01, 2006

Em Nome de um Amor


DEDICO ESSE TEXTO A CELLY, POR QUEM TENHO UM CARINHO MUITO GRANDE E ETERNO

— Linda...
Ela é linda e agora está aqui, deitado na minha mesa, iluminada por uma lâmpada fria que só destaca sua cor de neve recém caída num dia de inverno francês, descansando como um anjo. Passo minha mão em seus seios, macios e suaves, perfeitos, como se tivessem sidos moldados pelo próprio todo poderoso. O calor de seu corpo aquece minhas mãos machucadas e calejadas pelo trabalho braçal quase escravo que tenho que enfrentar todos os dias. Minha mão sobe até seu rosto, passando um dos dedos em seus lábios agora quase sem cor, mas não sem a irretocável beleza que eles tem. Subo então por sua bochecha e repouso de leve minha mão sobre sua testa, admirando por uns instantes aquele rosto perfeito. Levo minha mão até seus cabelos; loiros bem claros, lisos, compridos até a cintura. Pego uma mecha entre os dedos e trago meu rosto até ela, sentindo sua maciez e um perfume suave de rosas do campo. Meus pensamentos me levam as nuvens. Vejo eu e ela abraçados, nos beijando, seus lábios colados nos meus, sua língua na minha boca, minhas mãos apertando aquele cabelo. Sinto meu coração quase sair pela boca, mas abro os olhos e vejo ela ali deitada e meu leve sorriso some por alguns segundos, voltando logo em seguida. Vejo que agora ela era minha e seria para sempre minha.
Trago para perto de onde ela está deitada uma mesinha onde estão colocados meus materiais. Pego então meu avental branco que havia lavado um dia antes e o coloco, cobrindo meus trapos sujos. Calço um par de luvas e visto uma mascara. Olho novamente seu corpo e passo minha mão enluvada nos seus olhos fechados.
Minhas mãos saem do seu rosto e meu pensamento volta a minha sala. Pego alguns pedaços de panos e amarro seus braços e pernas na mesa. Também tiro um, o mais limpo, praticamente novo e a amordaço. Minhas mãos voltam a minha mesinha de materiais. Tiro dela um dos bisturis e o coloco contra a luz vendo seu fio de corte praticamente perfeito. Passo ele de leve por entre seus seios e o paro em cima de sua clavícula.
— Me desculpe amor, mas tem que ser assim.


— Que sol cara. Digo eu a meu amigo, que está ao meu lado tão suado quanto eu e talvez mais cansado do que eu.
— Nem me fala. Trabalho duro.
— É mais sinto que um dia tudo vai melhorar.
— Ah vai. Diz ele num tom de ironia esboçando um meio sorriso.
Dou uma risada também e sigo a frente correndo o cafezal até os próximos pés.


Forço o bisturi fazendo um filete de sangue correr até sua axila.
— Ah!
Seu grito é abafado pela mordaça e seu corpo é contido pelas amarras.
— Quieta!
Dou um grito e abaixo com uma das mãos seu corpo. Faço força com o bisturi com a outra mão abrindo um corte até o seu esterno. Olho seu rosto e vejo uma lagrima correr seu rosto.
— Não chore amor, vai acabar logo.
— Ah!
Ela tenta gritar, dessa vez com mais desespero. A força de seu corpo quase vence a da minha mão, mas ponho mais força e a abaixo. Ela se debate muito e meu bisturi não consegue ficar parado no lugar certo. Seguro ela com um pouco mais de força e coloco meu bisturi na mesinha. Uso então minha outra mão e espero um pouco.
— Ah!
— Pare!
Seus gritos são cada vez mais fracos e seu corpo começa a perder um pouco da força. Pego novamente o bisturi na mesinha e o coloco do outro lado, na outra clavícula. Passo ele com força fazendo outro corte até seu esterno. Ela novamente se contorce e grita desesperada.
— Pare! Grito eu, já com uma lagrima nos olhos. Sei que dói um pouco, mas não tem outro jeito, tem que ser assim, você tem que ser minha.


— Meu Deus...
Largo de lado minha cesta e fico parado admirando aquela garota.
Deus como ela é linda, vestida naquele vestido rosa quase transparente, por onde pode se ver, com um certo cuidado, as curvas do seu jovem corpo.
Ela passeia ao lado do coronel e ele todo orgulhoso lhe mostra suas terras. Meus olhos acompanham seu caminhar escondidos por trás de uma das arvores.
— Você tá fazendo o que ai homem.
— Nada. digo tremulo
— Nada é. Diz ele colocando seus olhos do meu lado. Cara é melhor parar de olhar pra ela, é a sobrinha do homem, se ele te vir fazendo isso, manda te matar.
— Não posso cara, não posso...


Coloco novamente meu bisturi na mesinha e com as duas mãos forço seu corpo para baixo. Ela se contorce bastante e grita como louca, até que uma hora seu corpo desfalece. Tiro as mãos dela. Seu peito está todo vermelho e minha mesa já está quase toda suja de sangue.
— Dormiu...
Peço novamente o bisturi e corro desde sua vagina até seu pescoço de leve, parando no meio da junção das duas clavículas. Enterro ele e puxo com força até seu umbigo. Tiro ele de seu corpo, passo ele no avental e o coloco de novo onde parei o levando até o Monte de Vênus.
Pego então um pano e limpo seu corpo de todo aquele sangue, contendo ele por algum tempo em alguns lugares que ainda sangrava muito. Coloco minha mão no seu pescoço mas não sinto mais seus batimentos. Meus olhos se enchem de água e me vem um aperto no coração; mas sei que era preciso, só assim ela seria minha, só assim a teria. Limpo então meu rosto e continuo o trabalho. Jogo o pano no chão e pego uma faca mais longa. Vejo seu fio na luz; perfeito.


— Eu te amo mais que tudo!
— Me larga!
— Fique comigo
— Socorro!
Um desespero corre meu corpo e lhe dou com um cano de ferro da nuca. Ela cai no chão desmaiada.
— Preciso ter você.
Pego ela e a coloco no ombro, a levando depressa da cocheira até minha casa


Fecho ela com todo cuidado, fazendo pontos perfeitos, tentando preservar ao máximo sua pele integra.
— Pronto
Admiro então seu corpo ali deitado, já cheio de palha e cortiça. Seu rosto ainda esboça o desespero, mas nada que um pouco de maquiagem não resolva, o mesmo posso dizer sobre aqueles fios pretos que agora fazem parte de sua pele.
— Só mais um retoques e você ficará perfeita.
Minha mão acaricia seu rosto
— Pronto amor, agora você é minha, para sempre...

LINX

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3 comentários:

  1. Este é um clássico de Linx, que eu terei a honra de publicar, oportunamente, no meu "site". Fico feliz por tê-lo aqui no Blog da Irmandade.

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  2. Linx, querido, obrigada por me dedicar tão belo texto! Você sabe, mas não me custa repetir, adoro você e sou sua fã! Ah, em tempo, vamos por a idéia do Clube do Livro em ação! Beijos, querido irmão!

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  3. Cara!! Muito legal esse texto. No princípio achei que se tratava de necrofilia mas, creio que o desfecho que você deu ficou muito melhor. Valeu!

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