sexta-feira, novembro 03, 2006

SUDÁRIO


Por von Sorian, o Velho








SUDÁRIO

Para Rita Von Engels

Uma noite desce sobre a minha sorte.
Abate-me uma estrela sem fortuna.
Singra-me os mares assombrada escuna.
Sangra-me a Lua de um profundo corte.

Livor da Lua no meu contraforte:
sangue noturno que o Sudário enfuna;
vela agourenta desfazendo a espuma
num torvelinho de escuridão e morte.

Pesa-me uma sombra bem quase à asfixia,
pois que minha alma é mortalha fria
que entenebrece meu corpo medonho.

Que venha então esperada ruptura:
corpo e alma a romper tênue sutura...
Assim como alguém que acorda dum sonho.

2 comentários:

  1. Perfeito!
    Fantástico!

    Vi em ti meu caro, um misto de Alvares de Azevedo e Castro Alves!

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  2. Que nada, Lady. Minha praia são os contos asquerosos e purulentos!

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