domingo, outubro 22, 2006
Liberdade para os mortos
Autor: ROBERTO BRANDÃO
Ele tentou... um século contemplando o teto, desejando bocejar sem que a mandíbula caísse... e tentou... uma década contando as unhas repetidas vezes, outra, estudando o crescimento de um único fungo... e tentou... gerações após gerações de besouros passaram diante de seus olhos sem pálpebras... mas não adiantou. Ele não conseguiu dormir!
Acima do solo castigado pelo sol, ele sentiu o ar da noite... abaixo, sua existência revia amargos anos, recordando- se das respirações desperdiçadas que ele não saboreou, supondo que fossem eternas... e por fim, não pôde mais suportar.
Frustrado, esquecido... sua memória era um fragmento enterrado, obsoleto, morto.
Ansiando por ser uma semente, ter possibilidades outra vez... ele se levantou!
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Bela estréia!
ResponderExcluirBeijos!!
Obrigado Lady. Lembranças ao meu estimado cunhado e a pequena Júlia.
ResponderExcluirHenry, este também é um tanto hegeliano, não acha?
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