domingo, setembro 05, 2010

Liberdade para os Mortos




Por Roberto Brandão


Ele tentou... um século contemplando o teto, desejando bocejar sem que a mandíbula caísse... e tentou... uma década contando as unhas repetidas vezes, outra, estudando o crescimento de um único fungo... e tentou... gerações após gerações de besouros passaram diante de seus olhos sem pálpebras... mas não adiantou. Ele não conseguiu dormir!Acima do solo castigado pelo sol, ele sentiu o ar da noite... abaixo, sua existência revia amargos anos, recordando- se das respirações desperdiçadas que ele não saboreou, supondo que fossem eternas... e por fim, não pôde mais suportar.Frustrado, esquecido... sua memória era um fragmento enterrado, obsoleto, morto.Ansiando por ser uma semente, ter possibilidades outra vez... ele se levantou!


Postagem de 10/06

Um comentário:

  1. Nossa! Cara, muito bom esse conto! Gostei pacas! Parabéns pelo blog!

    Abraço!

    ResponderExcluir