segunda-feira, novembro 13, 2006

A ÁRVORE NEGRA

Por Lord Edu

Pedro,Tiago e Hugo se embrenharam no Pântano da Salamandra para caçar sapos, rãs e pererecas.Apenas para a distração de suas mentes infantis.Apesar das placas,cercas e das lendas inexoráveis que avisava para ficarem longe, os meninos entraram no misterioso lugar lamacento naquele dia.Entre sorrisos e zombarias os garotos animados com suas bolsas repletas de sapos, iam se aprofundando cada vez mais para o interior do brejo.Ultrapassando assim os limites imposto pelo sobrenatural também.Já tinham quase enchido as mochilas com sapos quando viram algo majestoso, sombrio e horripilante: uma imponente árvore morta no centro de uma lagoa de lama.A árvore tinha a casca negra como o corvo, de altura era pequena, mas o tronco era absurdamente grosso e os galhos esculturais jaziam monstruosos à vista deles.Aquela árvore tinha algo de positivamente detestável, mais do que aparentava. Havia alguma deformidade que afligia as nossas concisas persepções. Uma coisa que incomoda profundamente. No fundo de seus corações os garotos temiam a verdade mortal: a de que a árvore apesar de estar seca tinha uma alma maléfica e um coração atormentante dentro dela.Pequenas vibrações sonorizavam em seus próprios corações uma ressonância absurda e indiscritível dos batimentos da árvore que estava voraz pelas doces carnes perfumadas com sangue.Eles observaram a planta morta por todos os ângulos procurando algo de mais errado além dessa intuição que comprimia seus corações no auge de uma aflição e de um medo inexplicáveis.Tiago, de repente, pára absorto, pálido e aterrorizado vendo algo na árvore, uma deformção.Pedro e Hugo perguntam mais assustados ainda o que havia acontecido, ao ver o esgar de assombro do colega.Tiago apenas apontou o dedo macilento para as raízes da árvore que ficavam expostas em formas dementes.Como se aquele emaranhado guardasse algo até as profundezas movediças daquela areia azíaga.Os outros dois garotos também viram e ficaram enjoados, aturdidos e enojados além do peculiar assombro.havia uma mão de dimensões abstratas, cadavérica que estava entre as raízes turvas ,como as aranhas em suas tocas à espreita...Era bestial e alucinógeno aquela mão deturpada , ante a anormalidade do contraste branco da mão e do negro da árvore.Bem como as formas da árvore e da mão, pois parecia uma aranha escondida esperando pelo sangue de sua vítima.Os batimentos cardíacos de medo de seus corações se perdiam e davam lugar aos pulsos eufóricos da árvore.Mas Tiago e Hugo imóveise mais cheios de sensações híbridas de medo, deixaram seus sapos fugirem.E seus corpos foram tomados de pequenos espasmos. Pareciam ter levado um suave choque em seus cérebros que os dopou de horror, pois aquela mão pálida e morta se mexia.Sobre o lamaçal os sapos bailavam estranhamente como se a árvore afetasse seua corações também. E sobre a lama eles não afundavam.Loucura.Tiago viu que não afundavam, correu em cima da lama em direção á árvore.Hugo abriu a boca para mandá-lo parar , mas para seu estremo espanto o amigo não afundou.Pedro pasmado correu atrás do amigo e não sabia o motivo dessa barbaridade.Hahahaha.E Hugo , por sua vez , seguiu Pedro.Mas Hugo tinha pouca fé e afundou sendo puxado por outra mão igualmente funesta à outra.Vagarosamente.E as sensações eram como orgasmos de desgraça.Apavorados, os outros dois garotos , se agarraram á árvore vendo as muitas outras mãos subindo pelo amigo num frenesi que a desgraça era digna de estrema piedade, pois estavam rasgando-o de dor.Eb ele gritava.Logo o corpo foi imerso pela lama e um borrão de sangue, que borvulhava, ficou malditop naquele lugar onde o corpo foi sugado.A mão na raiz!Se lembraram dela e não tinham para onde fugir.Se ouvia apenas as suas respirações e o bater do coração da árvore negra.Desesperados e calados por saber seus destinos.Gotas de sangue escorriam do alto da árvore banhando os meninos de um imensurável pavor.A mão que o hipnotizou ,naquele emaranhado, o puxou para as raízes.Apenas se ouviu o último sibilo selvagem de cólera, ele estava implorando pela vida quando deu aquele murmúrio.Enfim ficou preso na teia que é a mão e será devorado pela aranha que é a iníqua árvore.Mais um coração e uma alma para a árvore.Restou Pedro, híbrido de terror, com sua sorte e seu infortúnio.Pois sua vida foi poupada pela árvore, mas o tempo, implácavel, o matou.Em todo esse tempo ouvindo os pulsos negligentes da árvore que o assusava, o enlouquecia, mas não matava.Expirou e os urubus vieram e fizeram seu trabalho.Somente os urubus, seres do mal e violadores da morte, não ouviam os batimentos mesméricos do caração negro da árvore.A enfeitavam com mais demência aqueles galhos sinistros que pendiam malignos aos ventos dos céus abertos sob o lúgubre crepúsculo.

Um comentário:

  1. Este conto enseja uma ótima idéia macabra e gótica. Parabéns pela criatividade. Continue, contista. Tens um enorme potencial!

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