sábado, abril 25, 2009

Garota Perfeita




Por Hell


Era como se ela não fosse vista, as pessoas passavam por ela e lhe sorriam mas na verdade não a enxergavam. Dia após dia ela via as pessoas passarem, lhe olharem como um bicho em exposição.
Algo devia estar errado, por que não era lhe permitido sentir? Por que não lhe era permitido pensar por si? Por que não lhe era permitido sentir o que todos sentem quando estão vivos?
Suas mãos tocaram o vidro da vitrine, algo tinha que estar errado. Ela bateu uma vez, ninguém lhe deu atenção, continuaram a passar como se nada tivesse acontecido.
Ela bateu de novo, com um pouco mais de força,ainda assim nada... Tentou gritar mas desistiu quando lembrou que os vidros eram a prova de som. Deitada em sua cama macia de cetim vermelho ela chorou, ela queria apenas sair, ela queria apenas viver... Não entendia por que isso lhe era negado.
Novo dia, mesma rotina. Uma menina passou pela vitrine e lhe olhou fixamente, ela tentou sorrir, ser simpática, talvez a menina lhe tirasse dali. Não, a mãe acabou por levar a menina embora. Ela sentou no chão e em um acesso de raiva destruiu alguns objetos de sua prisão.
Ela não tinha família, não tinha amigos, por que? Ela era igual aos outros que passavam la fora, mas não vivia como eles.
Um dia um homem entrou em sua vitrine, ele trazia um cartaz vermelho na mão. Ela avançou sobre ele tentando perguntar por que estava ali, por que não podia viver, por que e por que... Ele recuou com medo, ela o prendeu, tentou lhe falar mas sua voz não saia. Por que? Por que? Ele não parava quieto, ela teve que segura-lo um pouco mais forte, só queria explicações, respostas a tantos por quês.
Ele agora começava a arranha-la, seu olhar tinha um desespero que ela não entendia, olhou para suas mãos, elas estavam cobertas de um liquido vermelho, o que era aquilo? Era tão bonito, tão brilhante... Ela tentou perguntar ao homem o que era mas ele tinha dormido, ela lhe deu alguns tapas esperando que ele acordasse mas apenas sujou o rosto dele de vermelho... Tão bonito...
Ela começou a abrir mais o buraco que lhe havia feito no peito, ali dentro mais e mais vermelho. Quente, lindo, vibrante. Ela esfregou o vermelho pelo corpo e magicamente as pessoas pararam para olha-la. As pessoas agora a olhavam com interesse.
Sim, finalmente era notada. Ela sorriu passando mais do vermelho mágico pelo corpo, caminhou até a vitrine, as pessoas se afastaram com uma expressão que ela não entendeu.
Ela tentou faze-los voltar, mas eles se afastaram mais. Ela arrebentou o vidro correndo atrás deles, precisava ser notada, precisava.
Derrubou uma mulher no chão, a pegou pelos cabelos e lhe abraçou forte. Aos poucos o crânio duro foi ficando macio, ela sentiu seus braços molhados. A cabeça da mulher era uma mera massa disforme, ela foi atrás das outras pessoas.
Atenção, só precisava de atenção, e aquele liquido vermelho lhe proporcionava isso, precisava de mais, muito mais.
Na vitrine o vento virou o cartaz vermelho que dizia.

“Boneca Cynthya, todo amor ao seu alcance”

Um comentário:

  1. muito legl to visitando esse site indicação do henry evaristo e comecei ppor um conto maneiro
    abraço sombrio
    de darknilson
    da ct

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