quinta-feira, outubro 19, 2006

Noite da Matança



Dedico esse conto a Celly, Well e Charlise de Orleans. Grandes Escritoras e grandes amigas

Era a primeira vez que L., um grande empresário do mundo da moda daria uma festa ou melhor era a primeira vez que ele apareceria para mais de três pessoas. Muitos diziam que ele não gostava de aparecer em publico por causa de uma cicatriz que tinha desde o pescoço até o lábio inferior que tinha ganhado quando brincava com fogo ainda criança e os que o conheciam diziam que seu comportamento era estranho, meio psicótico e que tinha medo de grandes multidões, mas hoje isso só despertava mais a curiosidade de todos, de ver sua reações, ver como ele era de verdade. Os convidados, todos do mundo da moda e da grande mídia, somavam mais de duzentos, o que exaltava claramente o porte gigantesco dessa festa. Diziam que foram convidadas apenas as modelos mais lindas do mundo da alta costura e os homens mais influentes do mesmo.
Já era noite e tudo estava para começar. Repórteres lutavam para obter um canto e um furo sobre a festa, mas o máximo que conseguiam era chegar a uns trezentos metros da entrada, pois a segurança era uma das mais reforçadas que já foi vista. Os primeiros convidados começaram a chegar, iam passando depois de rigorosa conferencia dos seguranças. Entravam e viam que L. não havia economizado nem sequer um centavo para sua comemoração ser inesquecível; comida farta que daria para alimentar muito bem umas quinhentas pessoas, vinhos e espumantes das melhores safras, decoração das mais empresas que haviam, tudo a disposição do seleto que grupo que não parava de chegar. O hall estava já quase todo preenchido e a festa, melhor impossível, pois logo a musica começou a tocar e todos começaram a dançar.
— Que festa show cara! Exclamava uma modelo a outra
— Nem fala. A melhor que já fui
— L. não economizou em nada! Dizia um dos empresários
— Isso é verdade.
Comentários eram os melhores possíveis, as noticias já chegavam na parte de fora e as televisões já falavam do sucesso que a festa estava fazendo e na repercussão que causaria no mundo da moda, principalmente a parte em que L. estava envolvido. Já passavam mais de duas horas de festa e por mais estranho que parecesse não se tinha nem mesmo um sinal de vida de L., em nenhum momento algum convidado viu ele na festa. O comentário virou algo geral, como o anfitrião não apareceria na festa? Onde ele estava? As perguntas ficavam no ar sem resposta, mas a festa não parava e todos se divertiam e comiam o banquete, logo ele apareceria, afinal ele não era acostumado muito com gente.
A hora foi passando e L. não aparecia e todos já falavam que ele tinha desistido de sua grande aparição e que tinha recuado sobre a idéia de aparecer em publico. Era bem provável que ele tivesse ficado assustado com o porte de sua própria festa e tenha se escondido, diziam alguns.
— Olha! Disse uma das modelos apontando ao topo da escada principal
Lá estava L., com um copo na mão e sorrindo, olhando para eles. O som abaixou e um microfone foi dado a L. As portas se fecharam e os seguranças foram todos para fora, formando uma barreira humana ao redor de todo perímetro da casa.
— Boa noite senhores. Disse ele em um tom um tanto sarcástico. Espero que estejam gostando de tudo na festa.
— Você devia dar mais dessas. Disse um empresário, acompanhado de uma salva de palmas e risos dos presentes
— Será um prazer. Mas agora gostaria de dividir com vocês um pouca da minha história.
O publico ficou em silencio, apesar da maioria nem querer saber de nada.
— Eu fui criado em um bairro pobre, cresci nas ruas e desde muito cedo me acostumei com o fato de ser um excluído. Mas um dia decidi que iria mudar tudo e que me tornaria alguém importante, que faria fortuna. Parece até brincadeira do destino eu ter feito minha fortuna em cima do mundo da beleza, coisa que perdi muito cedo – leva a mão no rosto – mas tudo passou e hoje sou alguém sou importante. Disse a mim mesmo que se um dia chegasse a algum lugar, eu faria o que estou fazendo hoje.
O publico grita e aplaude seu anfitrião.
— O que foi? Uma modelo grita no meio da multidão e se afasta, mostrando sua amiga vomitando uma gosma escura
— Ah! Um outro grito e outro vomito, a mesma gosma escura.
Todos começam a passar mal, como se seus estômagos quisessem sair pelas suas bocas. Vômitos por todos os lados e gritos de dor
— O que ta acontecendo... diz um deles quando consegue tomar um ar e voltar a vomitar
— Ah!
Uma modelo cai no chão e sua pele começa a descamar, soltando-se de seu corpo em placas, deixando um rastro de um liquido amarelado, meio purulento. O desespero é geral, os gritos também. Os que conseguem ainda correm, mas as portas estão fechadas. Do lado de fora nada se sabe, todos acham que a festa continua, pois os vidros são a prova de som e as portas estão impenetráveis. Logo o chão do salão se enche daquela gosma preta e de sangue das pessoas que descamavam sem parar
— Gostaram da comida. Eu envenenei tudo. Eu fui humilhado durante toda minha vida por pessoas como vocês; bonitos, ricos, vivendo suas vidinhas, pisando na minha. Um leve sorriso apontou nos lábios de L., admirando aquela cena.
Muitos já estavam mortos e outros ainda lutavam para continuar vivos, agonizando no chão. L. esperou até o ultimo parar de respirar, afogado no próprio vomito, para tomar seu copo. Sentiu seu corpo todo doer e sua visão ficar embaçada e caiu no chão também morto. As portas se abriram depois de um tempo, os seguranças entraram no local, mas apenas encontraram todos aqueles corpos banhadas em vomito e sangue. Nem mesmo a mais forte das criaturas conseguia ver aquilo sem passar mal.
A policia logo chegou e a noticia foi capa de todos os jornais do mundo durante muito tempo. Tudo tinha sido planejado nos mínimos detalhes, até mesmo o veneno, especial, vindo de um contrabando na Colômbia, fabricado com uma receita desenvolvida pelos nazistas durante a segunda guerra, nunca usado em grande escala e encomendado por uma grande quantia por L. a uns três meses. Muitos consideram L. como o homem mais cruel que já pisou na face da terra, sendo comparado a Adolf Hitler e Charles Mason, outro o veneram como um deus. Já foram descobertos mais de cinqüenta planos iguais inspirados nele pelo mundo.

LINX
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2 comentários:

  1. São os mestres do terror brasuca, os mestres do sombrio na literatura a todo vapor nesse blog adoravelmente assombrado de tanta criatividade!Parabens aos idealizadores e a tal I.S.

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  2. migo...perfect como sempre,,
    adorei a dedicatória.
    mande um bjo p/ celly,estou com saudades
    bjos p/ vc tb!!!

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