
Autor: ROBERTO BRANDÃO
Ele tentou... um século contemplando o teto, desejando bocejar sem que a mandíbula caísse... e tentou... uma década contando as unhas repetidas vezes, outra, estudando o crescimento de um único fungo... e tentou... gerações após gerações de besouros passaram diante de seus olhos sem pálpebras... mas não adiantou. Ele não conseguiu dormir!
Acima do solo castigado pelo sol, ele sentiu o ar da noite... abaixo, sua existência revia amargos anos, recordando- se das respirações desperdiçadas que ele não saboreou, supondo que fossem eternas... e por fim, não pôde mais suportar.
Frustrado, esquecido... sua memória era um fragmento enterrado, obsoleto, morto.
Ansiando por ser uma semente, ter possibilidades outra vez... ele se levantou!
Bela estréia!
ResponderExcluirBeijos!!
Obrigado Lady. Lembranças ao meu estimado cunhado e a pequena Júlia.
ResponderExcluirHenry, este também é um tanto hegeliano, não acha?
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